Estratégias para reduzir os impactos do estresse calórico em fêmeas suínas lactantes

03-Th11-2020
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Uma fêmea em lactação amamentando 14 leitões deve ingerir, em média, 8kg de ração por dia para que suas exigências nutricionais de manutenção sejam atingidas.

As fêmeas suínas em lactação tendem a reduzir o consumo de ração em situação de estresse calórico, gerando prejuízos sobre o desempenho reprodutivo da fêmea e consequentemente prejuízos no desempenho da leitegada. Dessa maneira, em períodos quentes torna-se essencial a adoção de estratégias nutricionais e de manejo visando reduzir os prejuízos econômicos.

Uma fêmea em lactação amamentando 14 leitões deve ingerir, em média, 8kg de ração por dia para que suas exigências nutricionais de manutenção sejam atingidas (Close e Cole, 2000), quantidade que é raramente alcançada mesmo em um ambiente termoneutro, principalmente para as genéticas modernas. As matrizes suínas modernas produzem mais leite, são mais pesadas, têm menor capacidade de consumo e são mais exigentes nutricionalmente, predispondo estes animais à processos catabólicos durante a lactação, mobilizando tecido corporal para que a produção de leite seja mantida (Mullan e Williams, 1990). O baixo consumo de nutrientes e energia durante a lactação pode resultar em prejuízos reprodutivos subsequentes, principalmente para fêmeas primíparas, que ainda se encontram em fase de crescimento (Eissen et al., 2003).

A digestão, absorção e metabolismo dos nutrientes dos alimentos gera calor, e um comportamento normal do animal em um ambiente muito quente é reduzir a ingestão de alimento.  Nutricionalmente, algumas estratégias efetivas são: aumentar a densidade nutricional e reduzir o incremento calórico da dieta. Formulando as dietas dentro do conceito de proteína ideal, atinge-se a exigência em aminoácidos essenciais (com o uso de aminoácidos sintéticos), e reduz-se o excesso de proteína bruta da dieta. Desta forma, reduzimos o incremento calórico do metabolismo proteico, além de tornarmos a ração mais digestível. O uso de óleos e gorduras adensa a dieta a nível de energia e reduz o incremento calórico, já que a digestão e metabolismo de lipídeos gera menos calor metabólico (comparado à carboidratos e proteínas) (Renaudeau et al., 2008).

Alguns ingredientes e aditivos podem ser utilizados para aumento da palatabilidade da dieta, como açúcar, bolacha, aromatizantes e palatabilizantes. A suplementação das dietas com vitaminas A, E e C; com minerais como selênio e cromo; e com o aminoácido betaína podem ajudar a reduzir os impactos negativos do estresse calórico (Cottrell et al., 2015; Feng et al., 2017; Liu et al., 2017).

Com relação a estratégias de manejo alimentar, pode-se citar (Renaudeau, et al. 2011):

  • Fornecimento de dietas líquidas: promove aumento no consumo de água e consequente maior consumo de alimento; facilita a ingestão e pode aumentar a palatabilidade;
  • Fornecimento de água fresca: aumenta o consumo de água e consequentemente aumenta o consumo de ração e a produção de leite;
  • Fornecer a ração em períodos mais frescos do dia;
  • Aumentar a frequência de arraçoamento.

As ferramentas de manejo exigem maior mão de obra e talvez aquisição de equipamentos e materiais, porém, em períodos quentes este manejo adicional e alterações nutricionais são necessárias para garantia de produtividade do plantel e redução de perdas corporais das fêmeas. Uma fêmea que mobiliza menos tecido corporal durante a lactação é mais produtiva em suas lactações subsequentes, beneficiando diretamente o desempenho de suas leitegadas.

Patrícia Versuti A. Alvarenga - Nutricionista de Suínos - Núttria

Referências

CLOSE, W.H; COLE, D.J.A. Nutrition of Sows and Boars. Nottingham University Press: Nottingham, Inglaterra. 377pp. 2000.

COTTRELL, J. J.; LIU, F.; HUNG, A. T.; DIGIACOMO, K.; CHAUHAN, S. S.; LEURY, B. J.; DUNSHEA, F. R. Nutritional strategies to alleviate heat stress in pigs. Animal Production Science, v.55, p.1391-1402, 2015.

EISSEN, J. J.; APELDOORN, E. J.; KANIS, E.; VERSTEGEN, M. W. A.;DE GREEF, K. H. The importance of a high feed intake during lactation of primiparous sows nursing large litters1. Journal of Animal Science, v.81, p.594–603, 2003.

FENG, T.; BAI, J.; XU, X.; GUO, Y.; HUANG, Z.; LIU, Y. Supplementation with N-carbamylglutamate and vitamin C: improving gestation and lactation outcomes in sows under heat stress. Animal Production Science, v. 58, 1854-1859, 2018.

LIU, F.; COTTRELL, J.J.; COLLINS, C.L.; HENMAN, D.J; O’HALLORAN, K.S.B.; DUNSHEA, F.R. Supplementation of selenium, vitamin E, chromium and betaine above recommended levels improves lactating performance of sows over summer. Tropical Animal Health and Production, v.49, p.1461–1469, 2017.

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